sábado, fevereiro 16, 2013

Não fosse isso e o amor seria tão simples



O grande problema do amor é não nos poder ser dado por alguém que escolhamos como certo e saibamos ser o melhor para nós. Desafortunadamente, o amor não se escolhe assim – antes fosse – e na maior parte das vezes opta justamente pelo sentido inverso. E do mesmo modo que existem doenças que precisam de um dador certo de medula para se curarem, também o amor não pode ser dado por qualquer um. E isso é que é o cabo dos trabalhos. Não fosse isso e o amor seria tão simples.

Que pena não haver uma marca branca para o amor, como agora se faz para alguns produtos de supermercado. Tão bom seria se, precisados de amor, simplesmente o adquiríssemos junto de quem estivesse disposto a dar-nos. O problema é que nós precisamos de estar prontos para recebê-lo. Senão, era muito fácil: ia-se à prateleira, tirávamos a quantidade de amor necessário para nos alimentarmos e, findo o stock, regressaríamos ao mesmo local para nos reabastecermos. Há quem faça isto com o sexo – e com o sexo dá e é muitíssimo bom – mas, com o amor, não se metam nisso. O amor não tem one night stand. Amar alguém não se pode fazer quando nos apetece, exige militância, acordar cedo para estar esticadinho na formatura.

Amar é estar nos quadros de uma empresa em lugar ministeriável, ter sexo é ser colaborador a recibo verde. Por isso é que há mais gente a ter sexo do que a amar – e reparem que não estou a adoptar nenhum dos lados –, mas quem ama pode ter sexo e quem tem sexo pode nunca conseguir amar.

Fernando Alvim

PS: "Sejam Felizes!"

terça-feira, fevereiro 05, 2013

E tu? Como és?


Perguntaram-me estes dias como é que eu era... sem dar conta, apercebi-me que descrever-me não é uma tarefa nada fácil. O que me ocorreu no momento foi basicamente: "vivo de sentimentos". E foi essa a minha resposta. Foi algo espontâneo, mas que na realidade é mesmo essa a minha melhor auto-descrição que podia dar à pessoa que me questionou.
Toda a minha vida, desde que me lembro, vivi de sentimentos. Sentimentos esses que definiam o que eu era, o que fui e o que vou sendo a cada dia que passa. Sentimentos bons que se tornaram maus, sentimentos maus que se tornaram bons.
Sempre fui movido pelos sentimentos. Sentimentos simples, como um sentimento de contentamento ao passar por uma criança na rua e ela lançar-me um sorriso, ou um acenar com a mão em sinal de adeus, como sentimentos mais profundos e que nos amarram e não nos deixam pensar em mais nada nem ninguém. O amor, a amizade, o sufoco, o ódio, a alegria, a tristeza... São estas as variantes que alteram a minha vida. São os sentimentos, não só os que descrevi a cima, mas todos os possíveis e imaginários, que me movem e que definem o meu dia, a minha semana, o meu mês, o meu ano.
Uma simples mensagem de bom dia (inesperada) pode mudar o meu dia... um simples abraço de alguém que me diga algo, um beijo mais demorado... um dar as mãos. Uma volta de carro a meio da noite, a sentir o vento, o silêncio, a noite. São simples gestos e situações que eu, como sentimentalista que sou, dou demasiada importância.
Tudo este pensamento surgiu-me através da pergunta "E tu? Como és?". E com esta pergunta, essa pessoa fez me sentir perdido, sem saber o que dizer. E só agora, que penso, tive a certeza de que a resposta dada não podia ser melhor e mais verdadeira.

Eu vivo de sentimentos... e tu?


PS: "Sejam Felizes!"