segunda-feira, abril 19, 2010

Queda-Livre


Tenho andado a pensar...

Por algum motivo que desconheço, tenho ganho, ao longo do tempo, medo de alturas e de quedas livres. Tenho pavor a tudo o que envolva queda livre. Sufoca-me e faz-me sentir sem controlo de rigorosamente nada.
Estes últimos dias, antes de adormecer, tenho pensado nisso e tentado adaptar este meu medo a algo que faça sentido.

Construí o seguinte raciocínio...

Em alturas da vida, senti-mo-nos a cair. Tudo corre mal e sem dar-mos por isso, estamos em queda livre num buraco que não tem fundo...
Quando se parece desenhar um chão por debaixo de nós e pensamos que a queda vai terminar, esse chão é fraco e não sustenta o peso do nosso corpo. A altura da queda pode já ser imensa e o impacto do nosso corpo, juntamente à velocidade resultante da queda, destrói esse chão. O impacto magoa! Provoca cicatrizes e marcas profundas, mas sem que tenhamos tempo de as curar, estamos novamente em queda livre já que este chão não nos susteve. E isto desenrola-se como se um ciclo se trata-se. Impactos, solos fracos, sufoco resultante da queda. Este ciclo pode demorar muito ou pouco tempo, dependendo de vários factores. Estes pequenos impactos, com solos que não nos sustentam, provocam marcas e cicatrizes que doem de uma forma interminável. E o acumular destes impactos provoca destruição.
Nesta queda, a nossa única esperança é encontrar um solo forte, que nos sustente e que faça terminar nossa queda. Um solo que, mesmo sendo duro e sabendo de que o impacto será de tal forma forte e doloroso, terminará com o nosso sufoco, provocado pela queda livre. Podemos ter a sorte do solo estar almofadado e o impacto ser amortecido. Mas se isto não acontecer, este terminar de um sufoco pode resultar numa queda aparatosa com grandes consequências. Um tempo de cura, de cicatrização enorme... Dói, mas se nada correr mal, esta dor acaba e as cicatrizes são curadas.
Existem pessoas que vivem em constante queda livre. E quanto maior for o tempo de queda, mais forte terá de ser um solo para poder aguentar o impacto e acabar com a queda.
E por mais defesas que possamos construir para que, quando acontecer estas quedas, estejamos preparados, é sempre dolorosa a sensação de sufoco e de embate.
Dor é sempre dor... e por mais preparados que estejamos para a sentir, doí sempre!

Foi nisto que andei a pensar nos últimos dias. E esta foi a resposta para o qual sempre gostei de ter os pés bem firmes sobre o chão. Não gosto de alturas... podem resultar numa queda livre!
Não gosto de impactos, não gosto de cair... no fundo não gosto de nada que faça doer!

Fica o raciocínio e justificação pelo qual não gosto de quedas livres...


"Sejam Felizes!" 

2 comentários:

  1. tenho de saber sempre onde piso :)*

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  2. :)
    Bem verdade tudo o que dizes. Gostei muito do post! Uma expressão que uso, por vezes, é "ficar sem chão", parecido com queda livre.
    Por muito tempo pensei que esse chão era apenas da nossa resonsabilidade, construir um solo sólido dependia só de nós. Depois, aprendi que não era bem assim.

    E tens toda a razão. Por mais que estejamos preparados para o impacto, dói. Mas, como ainda dizia a uma amiga esta semana, prefiro que doa tudo de uma vez do que aos poucos.

    Beijinhos

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